sábado, fevereiro 3

Amor incondicional ou doença?

Há momentos em que, por vezes, nos sentimos tristes porque as pessoas não correspondem àquilo que esperamos delas. A culpa é nossa, por um lado, porque fomos nós que nos iludimos e desejámos que elas fossem o que talvez não consigam nunca ser. Por outro lado, ninguém tem mesmo a obrigação de ser aquilo que não é. Acho que um dos problemas recorrentes é esperarmos da pessoa aquilo que conseguimos dar. E tudo se agrava quando conseguimos dar muito.

Mas uma das grandes diferenças entre a infância e o ser adulto é precisamente esse lado incondicional do amor. Em pequenos, podemos gritar, fazer asneiras, ser imperfeitos e atabalhoados porque há sempre alguém que nos ama incondicionalmente e que nos perdoa com a alma toda. Em adultos, esse dito "amor incondicional" pode muito bem ser doença. Tratam-nos abaixo de cão e ficamos destroçados a achar que a culpa é toda nossa e que o outro tem razão porque não o queremos perder. Por detrás disto está, também, uma grande falta de amor próprio. Além de que talvez, até mesmo no amor, nada dure para sempre - e lá se vai o incondicional.

É importante haver condições em grande parte do que se faz na vida. Trabalhamos "xis" horas e fazemos determinadas coisas em troco de uma remuneração adequada; ouvimos os amigos e damos-lhes o nosso ombro com a condição de que isso não nos destrua; entramos num relacionamento e mantemo-lo desde que isso nos faça felizes e nos permita crescer... Seguindo esta lógica, não é admissível nem saudável que deixemos que situações e pessoas entrem nas nossas vidas para nos perturbarem e destruírem. Portanto, o amor parece também ter condições. Pena que uma das grandes condições do amor seja a dependência e a necessidade de ter alguém para não se sentir e dizer que se está sozinho... E então? Amor incondicional ou doença?!

5 comentários:

Lita disse...

Parabéns pelos excelentes posts que nos tens permitido ler.

Concordo com quase tudo o que aí escreves. Mas para mim, a questão é, quando o mais importante é a necessidade do outro e não a escolha (apesar de tudo o que ele não é!!!!!), será que isso é Amor?

Anónimo disse...

Todos diferentes e todos iguais

Ricardo disse...

Claro que, na prática do dia-a-dia, o amor acba por ter condições, mas supera-as, penso. Temos muito o mau hábito de chamar amor a muitas coisas que sentimos desde afeições, fraquinhos, paixões e até obsessões, mas quando temos a certeza de amar...não sabemos se escolhemos ou fomos escolhidos, se necessitamos ou somos necessitados, sabemos só que é vital continuar ligado, fundido, unido a um alguém muito especial.Obrigado por este cantinho que criaste, é confortável ;)

Ricardo disse...

Claro que, na prática do dia-a-dia, o amor acba por ter condições, mas supera-as, penso. Temos muito o mau hábito de chamar amor a muitas coisas que sentimos desde afeições, fraquinhos, paixões e até obsessões, mas quando temos a certeza de amar...não sabemos se escolhemos ou fomos escolhidos, se necessitamos ou somos necessitados, sabemos só que é vital continuar ligado, fundido, unido a um alguém muito especial.Obrigado por este cantinho que criaste, é confortável ;)

Gisela FFale disse...

Não me parece que o amor, como sentimento, tenha condições...tem-no sim, quando queremos possuí-lo... claro que, como todos sabemos da teoria à prática vai uma distância inmensurável, mas por vezes exequível, mas no fundo quando estamos a fazer exigências ao amor estamos a querer materializá-lo, dar-lhe a forma que nós gostavamos que tivesse, quando ele é sentido por cada individuo logo único! Às vezes, há a feliz coincidência de dois seres se encontrarem e quererem do amor a "mesma coisa"...o amor!
Acerca deste assunto, li um livro que me fez ver as coisas desta forma e entender melhor alguns desencontros da minha vida... deixo a sugestão "Conversas com Deus - Neale D. Walsch"