Viver é um mistério. A cada nova experiência não sabemos se estamos ou não a enveredar pelo caminho certo. Assim como não sabemos qual o desfecho. Para certas pessoas, a vida é feita de imprevistos, de experiências que começam inesperadamente e que acabam sem aviso. Digo para “certas pessoas” porque creio que nem todas estivessem preparadas para tanta agitação (a que também se pode chamar desgaste, luta constante). Na realidade, somos todos diferentes. Mas o que mais me intriga e faz interrogar é que tentemos levar vidas tão semelhantes.
Há dias, alguém me chamava a atenção para a diferença entre a vida e a existência. Supostamente, a existência é composta pelas 24 horas dos dias, que se sucedem, com as rotinas próprias inerentes a trabalhar, descansar e divertir-se. A vida, porém, inclui isto, mas vai muito mais além (podíamos agora entrar nas questões metafísicas, mas ficam para outro dia). Supondo que as pessoas apenas existem e não vivem… tudo se torna cansativo. Sempre as mesmas coisas, sempre a mesma busca por mais e mais objectivos. Ao entusiasmo de perseguir um novo objectivo, segue-se o cansaço e o tédio de já o termos conseguido alcançar. Parte-se para outro, que perde a piada quando se consegue.
A questão é: “qual o sentido da existência?” (ou, se quisermos, da vida). Admito que seja preferível nem colocar esta questão porque a busca da resposta – ou a própria resposta em si – podem ser frustrantes e desalentadoras. O sentido da existência parece seguir esta ordem: andar na escola, seguir para a faculdade para tirar um curso, arranjar um bom emprego, casar-se (ou viver junto, nos tempos que correm), ter filhos para garantir que não se fica sozinho, acompanhar o crescimento dos filhos (com as suas alegrias e derrotas), partir para a reforma, ver crescer os netos, esperar que o ciclo acabe o mais tarde possível e de forma rápida e não dolorosa. (A acompanhar este ciclo está a ambição do aumento constante do nível de vida, com casa, carros e imagem que comprovem isso). Pois é, admitindo que isto é a existência, resta considerar que é pobre e desmotivante. Até porque este ciclo não será uma realidade para grande parte das pessoas. Acredito cada vez mais (e há correntes do pensamento e do desenvolvimento que o defendem) que cada um é uma pequena peça de um puzzle que compõe um grande todo. Mas cada um é, também, muito pressionado a não ser essa peça singular e inovadora. Esses mesmos pensadores defendem que esta geração existe para se relacionar. Para aprender mais sobre si próprio através da relação com o(s) outro(s). E, curiosamente, é o que sabemos fazer pior: relacionarmo-nos. Além de que a grande questão subsiste: “Qual é, afinal, o sentido da existências??”.
domingo, novembro 26
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