terça-feira, novembro 14

À procura do homem verdadeiro...

Polémico, contraditório e sem papas na língua. O célebre sociólogo italiano Francesco Alberoni deu uma entrevista à “Pública” de domingo passado a propósito do seu último livro “Sexo e Amor”. Há respostas que prometem deixar qualquer um perplexo, como “se houver traição não se deve contar” ou “se ela descobrir a traição, negue”. Alberoni diz, também, que no início da relação se deve contar tudo em relação ao passado. “Se esteve com 500 mulheres e 500 homens, se apanhou no cu, se violou crianças, pode contar tudo, porque tudo será perdoado. Nessa fase há uma indulgência plenária. Depois, acabou”. No meio das teorias – algumas mais acesas e polémicas do que outras – o sociólogo acaba por dizer algo que subscrevo (não como uma verdade absoluta, mas como um retrato dos nossos tempos): “Este é um momento histórico em que as mulheres têm dificuldade em arranjar um homem que lhes sirva”.

De facto, perdoem-me os homens, mas a infantilidade, a insegurança que leva a querer prender o outro, a manipulação, os jogos de poder, o comportamento desajustado e pouco “firme” e coerente levam-me a considerar que há poucos homens que nos consigam acompanhar. A exigência é um factor de selecção para qualquer mulher que goste de si própria e que queira uma vida de qualidade. Sem querer entrar em polémicas – a entrevista do senhor já dá que falar e pensar -, acho que tenho de dar a mão à palmatória quando Alberoni diz que “uma das fontes de sofrimento das mulheres, hoje em dia, é não encontrarem homens superiores. Eles são iguais ou inferiores. O aumento do poder feminino fez com que seja difícil a elas encontrarem um homem que lhes seja superior (...) A maior parte das mulheres de 30 anos diz que não encontra um verdadeiro homem”.

E um verdadeiro homem não tem de ser um príncipe encantado (na prática, eles não existem), de ter muito dinheiro ou um estatuto considerável. Há outras características – na minha óptica mais importantes – que fazem um homem com “H” grande. Maturidade é uma delas (e são tão poucos os que a possuem...). Carácter é a segunda (e para isto não há fórmulas, há atitudes que fazem a diferença e que podem levar um homem a ser “um grande senhor”). Coerência seria outro dos atributos (mas, realmente, numa era de mudanças, é fácil não ser coerente porque também não é muito fácil saber com convicção o que se quer... Será??). Acima de tudo, saber estar nos momentos em que é preciso e ter todo um comportamento que não deriva do lugar que ocupa e daquilo que tem, mas da pessoa maravilhosa que é. Será que, assim, dá para perceber a “crise” em que os relacionamentos caíram? Será que assim dá para perceber por que razão as mulheres são acusadas de serem complicadas e imperceptíveis? Nem sei se o mais triste é iludirmo-nos e depois desiludirmo-nos ou se é ter de aceitar que a realidade, de momento, é um pouco esta: homens pouco ou nada disponíveis e muito pouco interessantes (salvo uma ou outra excepção, claro).

4 comentários:

Anónimo disse...

espero sinceramente que nunca deixes de ser exigente :)

e, igualmente importante, espero que quando o "homem verdadeiro" saibas motivá-lo para ele o ser...

porque uma coisa é ter potencial (que, reconhecidamente, nem todos o terão), outra coisa é fazê-lo atingir esse potencial, e aí só por motivações que a própria motivação desconhece...

costumo dizer que "mesmo o principe encantado não nasceu principe encantado"...

Quanto às características que enumeraste, estamos em sintonia, sobretudo a coerência...mas essa não é uma discussão sexualizada, é mal geral...(salvo uma ou outra excepção, claro).

Um prazer :)

Anónimo disse...

E tu ja levas-te no rabinho?

Anónimo disse...

lolol, estiveste bem.

Um capricho :)

Anónimo disse...

Há poucos "homens superiores",admito, mas acho precipitado avaliá-lo por si só. Por vezes, toma-se o gato por lebre e interpretam-se silêncios como inépcia, quando o que se devia fazer é comunicar. Há muitos "homens superiores" em gestação... E sem uma mulher que forçe o seu parto, eles vão continuar lá dentro, no saco amniótico da dúvida... Magma