segunda-feira, junho 25

Voltar Atrás

Há momentos em que apetece mesmo parar o tempo e fazer tudo andar para trás. Não por insatisfação pelo presente ou incerteza no futuro, mas porque há momentos que temos a noção que não se voltarão a repetir. E não voltam. Nenhum momento será igual a outro; nenhum segundo voltará a aparecer no relógio com a mesma data.

Seguir em frente é isso mesmo: aceitar que tudo tem o seu tempo e que o que lá vai... lá vai. Mesmo que o barco regresse, não voltará na mesma onda. Só por isso, é impossível repetir o irrepetível. Devo dizer que isso me chateia. Há barcos que gostava de poder voltar a trazer... pelo menos com aquela mesma sensação inicial de "boa onda", de aventura sem destino, de navegação surpreendente e, ao mesmo tempo, assustadora pela sua incerteza.

Mas há barcos que já passaram há demasiado tempo e que, por esta altura, naufragaram, aportaram noutras terras ou simplesmente deixaram de navegar. Também se diz que "nada acontece por acaso" e que se o barco partiu, "a razão percebe-se mais tarde".

Não sei se vou alguma vez vou percebê-la, nem se faz sentido querer entrar no mesmo barco tanto tempo depois... mas a melhor forma de lidar com o que sentimos e nos faz falta a cada momento é olhar-lhe de frente. Assumir que nos faz falta... ainda que não haja coragem para mais.

Enquanto espero, penso no barco que já passou (e penso como não faz sentido estar a pensar nele) ... talvez ele dê à costa ou os mares pacifiquem a sua ida definitiva.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pode ser um realismo cruel, mas às vezes agarramo-nos demasiado aos bons momentos e a algo que infelizmente, ou não, faz parte do passado. É a dificuldade em lidar com o sofrimento e a frustação que nos leva a tentar reter sentimentos de segurança passados. Na verdade, seremos realmente livres? Porquê esta necessidade de dependermos sempre de algo ou alguém nem que seja em pensamento...

DR

paulo rico disse...

Apesar de não acreditar na teoria de que "se assim foi é porque tinha de acontecer", momentos há em que deviamos poder puxar a fita atrás, pôr na pausa e voltar a viver as sensações como da primeira vez. No entanto, apesar do saudosismo, o mais importante é olharmos para o passado e sentirmos que o que foi feito naquele determinado momento, era o ideal naquela altura. Não nos devemos torturar pelos actos assumidos, desde que nesse momento, o tenhamos feito em consciência plena.