quarta-feira, julho 19

Será isto a vida?!

Uma passagem pelo dicionário mostra que "vida" é, entre outras definições:
1- um "estado de actividade de animais e plantas",
2 - o "espaço de tempo decorrido entre o nascimento e a morte",
3 - "o conjunto de coisas necessárias à subsistência".

Detenho-me nestas porque acho serem as mais fiéis ao que nós levamos como vida.

1 - viver acaba por ser andar de um lado para o outro, muitas vezes sem tempo de parar para pensar, a tentar acompanhar o ritmo frenético de uma sociedade consumista e virada para o Ter em vez do Ser,
2 - para muitas pessoas viver é nascer por acaso e esperar que a morte venha, qual vegetal. Seja isso por cansaço, apatia ou desilusão, viver é andar cá por andar,
3 - para provarmos que estamos vivos alimentamos a nossa despensa do Quero e Tenho, sempre na ânsia de mais e melhor.

Pois, para mim, a vida também inclui algumas destas coisas (umas porque me dão conforto, outras porque vivo em sociedade e tenho de me submeter a elas), mas é muito mais do que isto. É esquecermos onde estamos, com quem estamos, o que fazemos, o curso que tirámos, a casa que comprámos e o dinheiro que ganhamos. É chegar a um grau gigante de humildade e pensar que o lugar minúsculo que ocupamos neste mundo tem um sentido e não somos vítimas de nenhum carrasco. Além disso, é ter a capacidade de perceber que também erramos, que a dor existe e passa por nós, que às vezes nos apetece chorar e estamos destroçados, que de seguida virá a bonança e vamos recuperar da desgraça com mais força.

Hoje atingi esse estado de anã que, curiosamente, me fez sentir muito grande. Mais curioso, ainda, é como essa serenidade e introspecção faziam os outros aproximarem-se. Sempre com leveza, sempre com simpatia, sempre de forma inesperada. Como inspiração, um passeio solitário de barco, com o Sol a bater na cara e o vento a agitar os cabelos, e uns quilómetros ao volante a cantar as músicas do rádio e a tentar perceber os sinais da vida. Mas qual vida?! A verdadeira ou aquela que nos disseram ser a mais adequada?! Ora aqui fica um convite à distinção destes dois tipos de solicitações que nos perseguem dia-a-dia. Se bem que um deles é sempre mais perceptível (apesar de me arriscar a dizer que é o que nos fará mais infelizes).

Sem comentários: