Numa entrevista que fiz ontem, o meu entrevistado (que mora em Portugal, mas é britânico) dizia-me que a sua experiência de terapeuta em vários países lhe diz que os portugueses estão cada vez mais a perder o espírito de grupo. Perguntei-lhe se teria alguma coisa a ver com a crise que se instalou por estes lados e com as consequentes desmotivação e desconfiança das pessoas. Ele disse-me que, pelo que tem visto, não tem nada a ver com isso, mas com uma sensação de solidão e de vergonha de se admitir fraquezas.
As pessoas sentem-se sós, desenraizadas, algo perdidas. Mas têm medo de partilhar o que lhes vai na alma para não darem parte fraca. Andamos, pelos vistos, todos a padecer do mesmo. Só que cada um para seu lado. O meu entrevistado também me disse que os livros de auto-ajuda começaram a ter efeitos perversos. Tornaram-se escapes e soluções milagrosas para quem acha que consegue fazer tudo sozinho. Deviam ser pequenas muletas e pozinhos de "iluminação" (tipo guias que, eventualmente, nos podem ajudar a escolher por onde ir num determinado momento). Mas passaram a ser bíblias de como curar a vida, ter o relacionamento perfeito, aumentar a auto-estima, etc, etc. Pelo caminho, fica a oportunidade única de ouvirmos os problemas dos outros (e percebermos que, afinal, não estamos sozinhos) e, com eles, estabelecer relações de identificação e formarmos o tão desejado "espírito de grupo".
sexta-feira, maio 12
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