Navegava eu na Internet quando encalho numa frase magnífica que eu já sei que muitos me vão dizer "Oh, Sofia! Pára lá com isso de olhar para dentro. Sai mas é de casa, bebe uns copos, abana o capacete que isso passa-te". Pois, a mim quer-me parecer que não passa. O que acontece é que se vai ignorando o que realmente se passa, mas isso é outra história. Vamos lá então à frase.
Não nos iluminamos imaginando figuras de luz, mas tomando consciência das trevas - Jung
Depois, dizia o responsável pelo site a propósito da frase: "Isto quererá dizer que só à medida que o homem se expõe repetidas vezes à aniquilação, aquilo que é indestrutível pode surgir dentro dele. Nisto reside a dignidade de ousar."
E, mais uma vez, eu não podia estar mais de acordo. É como se repetidas mortes ocorressem para levar de vez o que já não presta e deixar o que nos interessa para continuar a viagem. Basta imaginar o percurso longo de um coleccionador de pedras. Põe no saco cada pedra que encontra no caminho. A dada altura, não consegue mais andar com tanto peso. E vai ter de começar a largar pedras. Uma escolha difícil, por vezes dolorosa porque se escolheu cada pedra com carinho, mas imprescindível no caso de se querer continuar a caminhada. E lá vai o coleccionador de pedras, pé ante pé, só com as pedras especiais no saco e a apanhar apenas aquelas que realmente lhe possam ser úteis. A dada altura na nossa caminhada, só isso interessa. O círculo das pessoas verdadeiras e boas que nos rodeiam vai-se apertando, apertando. Porque, se formos inteligentes, ficamos cada vez mais exigentes e não desperdiçamos tempo que vale o seu peso em ouro. Mas, como em tudo na vida, há sempre a outra face da moeda. Há quem prefira ir avançando com todas a spedrinhas pequeninas que encontra, sem perder tempo a contemplá-las e a dar-lhes valor. Avança, avança, sempre distraído, sempre a iludir-se. O que me entristece pensar é que um dia o peso será tanto que esse "peregrino" vai ser obrigado a sentar-se e a deitar fora pedrinhas. Mas já serão tantas e tão misturadas que a confusão irá ser aterrorizante. Por outro lado, também entendo que muitos podem não ter agora o "arcaboiço" para tomar consciência das suas próprias trevas e fazer-lhes frente. Por isso vão vivendo à média luz...
sábado, maio 20
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