domingo, agosto 27

Quem dirige a minha vida?

Descobri esta pergunta num dos muitos mails de desenvolvimento pessoal que costumo receber a anunciar palestras, workshops, cursos, etc, etc. Confesso que tenho uma queda para estas temáticas. Não pela vertente que algumas pessoas pensam de "solução fácil para todos os problemas", mas precisamente pelo contrário. Olhar para dentro dói, é um processo que pode ser complexo e não uma solução rápida, exige coragem e determinação e é um caminho sem fim à vista porque assim que achamos que já resolvemos tudo há sempre algo mais que precisa de ser resolvido.

Esta questão - que é apenas o título de um workshop de uma brasileira que virá a Lisboa em breve - eu já a fiz muitas vezes a mim própria e, quando me irrito comigo e com as pessoas que me rodeiam, volto a fazer: "Oh! Mas afinal quem é que comanda a minha vida???". E, se há uns anos a resposta seria rodeada de interrogações e incertezas, hoje não tenho a menor dúvida: "SOU EU!". Sempre e em qualquer altura. Eu decido se o que estou a viver me está a magoar ou a fazer feliz, logo, eu decido se quero perpetuar esse sofrimento ou se me quero libertar; eu decido se quero que as pessoas continuem a dar palpites e a meterem-se na minha vida; eu decido se me apetece fazer isto ou aquilo; eu decido, eu decido, eu decido...

É evidente que a influenciar essas decisões estão as pessoas que amamos, respeitamos e que queremos ao nosso lado. Só que a diferença é que este "influenciar" é no bom sentido, na medida em que quem está ao nosso lado nos dá a liberdade de sermos quem somos e de, devido a isso, fazermos as nossas opções para que não nos sintamos sufocados e infelizes. E, de uma forma natural e muito reconfortante, acabamos por ter sempre em conta que não queremos magoar quem amamos. Quanto mais não seja porque quem amamos teve a grandeza de nos deixar ser quem nós somos e, em consequência, acabamos por fazer escolhas e dirigir as nossas vidas tendo isso em atenção.

Portanto, cada um de nós devia dirigir a sua vida, mas como ama e é amado, acabará sempre por ter em conta as pessoas que merecem respeito e consideração. Este processo natural contraria os que pensam que as pessoas que dizem que comandam as suas vidas são egoístas, auto-centradas e não respeitam os outros. Pode-me apetecer muito desaparecer de repente, isolar-me do mundo e fazer a minha própria vida. Mas se quem estiver a meu lado ou depender de mim (os filhos, por exemplo) me amar e nunca me tiver feito qualquer exigência no sentido de eu ser aquilo que não sou, essa vontade de espairecer pode até continuar, mas a decisão final terá sempre em conta, também, a sua felicidade e necessidades.

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