quarta-feira, junho 28

Expor ou não expor... eis a questão

A exposição pública tem muito que se lhe diga. Desde o dia em que criei este blogue que tive consciência que parte da minha vida (sim, uma pequena parte, a que se revela) ficaria a olho nu. Isso não me preocupa, até porque considero ser este um espaço privilegiado para dar asas à imaginação, ao desabafo e à partilha de algo que é só nosso (sejam vivências, opiniões ou pensamentos que nos invadem). E foi por isso que o criei. Além disso, nunca me preocupou partilhar com os outros as fragilidades que nos tornam mais humanos e acabam por nos aproximar. Afinal, todos temos problemas, todos sofremos, todos nos sentimos injustiçados. É um facto que quem não se importa de mostrar fragilidades pode, também, tornar-se um alvo - supostamente - fácil. Quem for mal intencionado pode pegar naquilo que acha serem as fragilidades para atingir o outro. Mas no meu planeta - o da nobreza, onde as pessoas se devem respeitar porque são pessoas, porque riem e choram, têm sentimentos - também há armas, há guerreiros. Eu diria, mesmo, que há guerreiros que não querem a guerra, mas que estão preparados para ela se forem atacados e provocados, se não houver outra coisa a fazer. Por isso a exposição não me aflige. Porque sei que quem atinge fá-lo para não ser atingido. Ou seja, identifica-se com a minha fragilidade, por isso se preocupa em tentar exacerbá-la.

Há dias num almoço aconteceu-me isso. Porque depois as pessoas julgam-se demasiado espertas e formulam juízos sobre os sentimentos dos outros. Esquecem-se é que os outros sabem disso e já puseram os seus guerreiros em funcionamento. Mas também sou sincera: esses guerreiros são capazes de levantar do chão essas pessoas quando elas caírem. Só assim faz sentido ter as armas e partir para a guerra. Não é para matar.. é para assustar e defender... (God! está confuso, não está???) Bem... Estava eu no almoço e percebi que, a dada altura, estava a ser avaliada por uma colega. Que olhou para mim para ver a minha reacção. E aposto em como ela pensa que captou tudo. E aposto em como ela comentou o seu juízo formulado. Só que se enganou redondamente porque eu reagi à reacção dela, não ao que realmente aconteceu. Eu até percebo a reacção dela. Acha que o que está a viver me incomoda de alguma forma. Não, não me incomoda. Por várias razões. Primeiro porque não é o que eu queria para mim nem o que preciso na minha vida (não preciso que me bajulem para me sentir desejada ou amada pelos outros); depois porque tenho pena de pessoas que vivem iludidas com o que é a verdadeira noção de felicidade. É tudo muito relativo. A felicidade de um não será a de outro a um nível supérfluo. A um nível mais profundo julgo que até é. Todos queremos ser amados, respeitados, reconhecidos... E isso consegue-se, a um nível profundo, com independência. Quando a consciência do nosso valor vem de dentro e não resulta de estímulos que vêm de fora. Mas a vida é mesmo assim. Um dia acordamos e percebemos as asneiras que fizemos... ou não (depende da capacidade que temos para a auto-análise).

Pronto, agora que ninguém percebeu nada, é a altura da formulação dos juízos :)... "Estará ela a falar de mim?"...

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