Ao longo de toda uma existência temos de enfrentar testes e obstáculos antes de evoluirmos e conseguirmos seguir em frente. É assim para aprendermos a andar, para passarmos na escola e na faculdade e, mais tarde, para evoluirmos no trabalho. Mais importante do que tudo isso, é assim que evoluímos enquanto pessoas. É como se, nos temas da nossa vida que nos são mais difíceis, tivéssemos de fazer várias vezes o exame antes de estarmos aptos a passar à etapa seguinte. Os testes não vêm em papel, nem são escritos a caneta. Vêm em forma de pessoas ou situações que nos obrigam a utilizar os sentimentos, a razão e as emoções. Em suma, que nos obrigam a mergulhar, muitas vezes, até ao fundo do poço. O objectivo não é morrermos afogados, mas encontrar uma forma mais rápida e eficaz de sobrevivermos à tragédia. E isso pode significar não dar as mesmas respostas que demos no teste anterior.
O mais aborrecido no meio disto tudo é que não somos avisados que seremos submetidos a exame no dia ou na semana seguintes. São testes-surpresa por vezes tão surpreendentes que só nos apercebemos mais tarde da sua importância. Estar constantemente preparado é um truque maravilha. Mas teórico, claro. Em teoria estamos sempre preparados para o pior. Mas, na verdade, nunca estamos. Depois há outra questão. A forma como as situações são por nós vividas pode ser de uma tal intensidade e de um elevado sentimento de vitória que passa completamente despercebido a quem está de fora. Claro que para um “outsider” ter um 18 é bem melhor do que um 10. Mas para quem está no remoinho e sempre chumbou no exame, ter um 10 é a nota do sucesso e tudo o que se precisava para seguir em frente.
Há mais um “incómodo”. Tem de haver sempre um “objecto” do nosso sucesso. Tem de haver sempre um professor que nos dará a nota no exame. Já escaldados de situações anteriores, podemos ser implacáveis para este professor. Isto é, estudar, estudar, estudar, e apenas precisar do professor para nos fazer o exame e dar a nota. E nem lhe damos grande valor porque ficamos extasiados com o nosso sucesso. Pelo contrário, se o filho da mãe do “mestre” nos chumba… não o esqueceremos tão depressa. E faremos tudo para lhe provar que ele é que estava errado (sem sucesso, claro, porque nem sempre temos possibilidade de recorrer da nota). Todos os professores que tive foram excelentes. Mas reconheço que, quando deixou de me apetecer repetir exames, marrei o mais que pude para passar com distinção. Sem pedir explicações ao professor que, entretanto, não percebeu a razão de eu não ter precisado dele. A culpa não foi sua, professor. Ensinou da melhor forma que sabia. Eu é que já não tinha mais pachorra para a cadeira e resolvi passar de vez, provando a mim própria que era capaz sozinha e prescindindo das suas explicações.
quarta-feira, junho 7
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