Na escola, raramente pudemos escolher a turma em que fomos crescendo e aprendendo novas matérias. Eu adoro metáforas e acho que a vida é, também ela, uma escola enorme cheia de alunos que se dividem em turmas. Há muitos anos, quando não podia escolher a minha turma, dava-me bem com toda a gente, era sempre escolhida para "delegada" e fazia questão de estar ao lado dos mais fracos e oprimidos. Parecia-me que esses é que precisavam realmente de mim porque os outros - meninos da mamã, com tudo o que queriam - já estavam bem protegidos. Para dizer a verdade, hoje em dia não penso bem assim. Os que, aparentemente, estão bem protegidos podem precisar igualmente - ou ainda mais - de ajuda enquanto os "fracos e oprimidos" devem também aprender a fazer algo pelas suas vidas, sem a protecção constante dos outros. Digamos que estou mais moderada e equilibrada na forma de relacionamento com estes dois tipos de "alunos".
Isto para dizer que considero importante que procuremos a nossa "turma". Para que a nossa aprendizagem não seja junto de alunos que sabem muito mais e nos fazem sentir burrinhos, nem com alunos que se atrasaram e, em consequência, retardam o nosso processo de aprendizagem e crescimento. Numa altura em que entrei numa nova etapa da minha vida (quem percebe e acredita em astrologia sabe ao que me refiro, apesar de isto poder ser explicado de milhentas outras formas) posso afirmar com convicção e muita serenidade que encontrei as minhas "turmas". Para me distrair tenho uma turma; para falar de futilidades, há outra que me recebe; para partilhas verdadeiras e vindas de dentro, junto-me a outro tipo de alunos... Em última análise, tenho o grande mestre a quem recorro (que está cá dentro, nunca o consegui encontrar fora). E assim vou vivendo, de turma em turma, consoante o que é importante para mim num dado momento. Até porque não sou do tipo de alunas que se inscreve numa só disciplina. Gosto de ter várias valências e não sobrevivo a dependências ou controlos exteriores. Depois há aquelas turmas que não me dizem nada ou que, simplesmente, me deixaram de dizer. Acontece. É como as disciplinas em que pomos grandes expectativas e depois se revelam monótonas, aborrecidas e sem novidades. Há turmas assim, que parecem muito "in" e apelativas, mas que espremidas não têm grande coisa para me dar. Assim como também não precisam de mim para nada porque se bastam a si mesmas. A essas eu digo não. Até porque não me apetece estudar de novo aquelas matérias gastas, doentias e poeirentas.
Ontem aventurei-me numa coisa giríssima e descobri novos alunos com quem posso formar uma turma. Como em tudo na vida, o começo é sempre entusiasmante. Acredito que, com o tempo, se instalem insatisfações. Mas a minha esperança é que esta turma, pelas singularidades que tem, me consiga sempre surpreender. E isso dá-me pica para ser, também eu, surpreendente.
quinta-feira, junho 15
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