quinta-feira, junho 29

Numa Cama de Hospital

O que aqui vou referir parece de loucos, mas é para gente mentalmente sã (se é que isso existe). Posso mesmo dizer que o momento é de catarse, de limpeza de emoções, de tudo o que ficou preso no peito ou na garganta e nunca teve oportunidade de sair. Primeiro, basta pôr a imaginação a funcionar; depois é preciso sentir tudo como se fosse real... e deixar fluir.

E a viagem começa... (recomendo uma caminha, no conforto do lar)

Imaginemos que estamos numa cama de hospital, com poucos dias de vida a restarem-nos. Por si só, este confronto faz-nos sentir ingratos para com a vida, que sempre maldissemos e quisemos a todo o custo mudar. A sensação, agora, é de impotência perante ela. Vamos morrer. Ainda somos jovens, fica muito por viver. O tempo que resta serve para fazer um balanço do que passou (e do que deixámos passar) e dizer tudo o que pensámos que não poderia ser dito. Mas pode. Também, agora não vale mais a pena deixar de dizer. O passo seguinte é recebermos as pessoas que nos vêm visitar. A família, os amigos, o marido/mulher ou namorado/a... todos. E, um a um, dizermos o que nunca ousámos. Pedir-lhes perdão, explicar como nos magoaram, contarmos as nossas mágoas e o mal que, um dia, nos fizeram sentir... Um a um. Todos, todos. Bem, posso dizer que não há lágrima que fique guardada e que o alívio seguinte é enorme. Este é um exercício poderoso de perdão, resgate de mágoas e encontro com a paz que deveria habitar em nós. E como, grande parte das vezes, não temos a possibilidade de voltar a encontrar quem nos magou ou magoámos... Outras vezes acabamos por encontrar, mas não faz sentido remexer no passado. Só que esses incómodos permanecem em nós e, como quem não quer a coisa, bloqueiam-nos e fazem-nos sofrer.

Quem experimentar ouse lá contar aqui a experiência ;). E aproveite, a seguir ao exercício, para tomar um banho relaxante (cheio de sais, velinhas, incensos e musiquinha da boa) ou dar um enorme passeio em contacto com a vida que, entretanto, ganhou outra dimensão. Claro que isto se pode repetir as vezes que forem necessárias e desejadas (dá cá uma moca! No meu caso, bem pior que um charro (que apenas me consegue provocar sufoco e descoordenação motora, daí nos termos divorciado ainda mal tinha começado a nossa relação)).

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