"As mulheres são pressionadas para serem boas mães, boas profissionais, boas filhas e ainda por cima... boas!"
Hoje uma amiga minha tinha esta frase no nick. Mesmo que se pense que os tempos mudaram, julgo que esta pressão sobre as mulheres se mantém (mesmo que o peso seja mais inconsciente do que outra coisa). A isto eu acrescentaria que ainda temos de ser boas esposas e boas amantes. Ou seja, quase perfeitas. Não conheço ninguém que seja bom nisto tudo. Conheço pessoas que fazem esforços incríveis para sê-lo e acabam perdidas no meio dessas exigências que a sociedade, os homens e o ritmo apressado do dia-a-dia colocam. Esquecem-se delas e nem têm tempo de parar para pensar se o que fazem é por gosto e dedicação ou é para mostrar ao exterior que se é capaz. Há alturas em que apetece dar gritos e meter todos na ordem. Bolas! Não temos de ser perfeitas. Sobretudo quando os homens não o são e, devido a questões sociais e culturais, nem sequer têm de sê-lo.
Depois damos connosco de rastos, de lágrima fácil devido à pressão e aos nervos, a responder mal a toda a gente e a ocuparmos o papel de vítima porque ninguém nos compreende. Mas eu continuo a achar que a culpa é, em grande parte, nossa. Saber dizer "não" é uma virtude. Perceber que se é humano, frágil e também se erra é outra.
Quanto à questão de ser "boa" (boazona, apetecível)... Ora que caraças! Vão-se lixar! Com o corpo deformado da gravidez (estrias, flacidez, banhas, quilos a mais...) e a possível depressão pós-parto, falta de tempo para exagerar no cuidado com a imagem (é que, entretanto, somos filhas, mães, amigas, esposas e amantes), pouco dinheiro para fazer estragos (quando algum dele não é empatado no psicólogo e nos antidepressivos, é aplicado na boa gestão económica de uma casa que se exige a uma boa esposa, mãe, filha, etc, etc, etc)... sobra pouco tempo para pensar como se pode ficar "boazona" e desejável. Além de que, uma "gaja boa", é "boazona" e "apetecível" para o marido/namorado, mas também para o carteiro, o padeiro, o polícia, os homens das obras, os taxistas, o senhor da banca dos jornais, pa ta ti pa ta ta. Será que é isto que os "nossos" homens querem de nós? E conseguiremos, alguma vez, gerir isto tudo? Uma coisa eu acho indiscutível: as mulheres têm uma capacidade acima da média para se adaptarem aos diversos papéis sociais que lhes são pedidos. Não quero ser sexista, nem nada que se pareça (já parecendo... :) ), mas talvez os homens não se esforcem tanto porque também não lhes é exigido.
quarta-feira, agosto 9
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2 comentários:
Não tarda nada começas a queimar soutiens :-)
Lotus
Não posso concordar mais... A minha monografia de fim de curso, uma análise de revistas femininas, "Espelhos de Mulher" (que consequentemente me empurrou para a criação do blog com o mesmo nome), levou-me a aprofundar conhecimentos nos estudos de género e todas as temáticas relativas às mulheres. Infelizmente concluo que continuamos a ter que provar muita coisa à sociedade que continua a ser patriarcal... Mas o curioso é que muitas vezes nem são os homens quem mais exige de nós, mas sim as outras mulheres. A maioria dos homens nem gosta de mulheres maquilhadas, não sabe distinguir um casaco da Prada de um casaco da Zara, e até gosta de ver um rabinho bem redondo.
As revistas femininas é que nos fazem acreditar que temos que andar sempre impecavelmente maquilhadas, penteadas e gastar metade do salário todos os meses em roupa e sapatos "fashion". Mas são revistas escritas por mulheres... E que alimentam a máquina da publicidade (mas isso é outra história). Não apoio feminismos (até porque aprecio que abram a porta pra eu passar)mas a verdade é que a Germaine Greer tem razão quando diz que mais do que nunca as nossas vidas estão recheadas de "expectativas contraditórias"! Parabéns pelo blog! 5 estrelas!
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