Podem-me dizer que isto é lamechas, mas sempre achei bonita aquela cena "à filme" em que um homem entra de rompante pela casa (também se pode ler "vida") da mulher que ama para impedir que tudo termine ou para conseguir que as coisas continuem (aqui é válida a inversão de papéis :) ). As relações entre as pessoas são feitas de encontros memoráveis, mas muitos desencontros e, por vezes, alguns mal-entendidos que dão cabo de tudo (só que não passam disso mesmo: mal-entendidos infelizes). A chatice é que se perdeu a coragem e o orgulho ferido impede que as pessas lutem por aquilo em que acreditam quando uma das hipóteses poderá ser... levar uma tampa depois de se ter "rebaixado". Por isso sempre achei que nunca por nunca nesta vida essa imagem de filme se poderia realizar. Até porque tenho de ser sincera: ou me tenho movido por estradas de gente desalentada e cobardolas ou, de facto, os homens andam cheios de medos, traumas e pouca vontade de entrar em filmes românticos ("filmezinho de lágrima fácil", diriam eles).
Adriana Calcanhoto tem uma letra que se, por um lado, me faz acreditar no facto de também ela ansiar por esta cena "à filme", por outro reitera a ideia de que isto só acontece mesmo na ficção. Eis a letra:
Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
P'ra mudar a minha vida
Vem vambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva
Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite veloz
Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas
Digam lá se nunca vos apeteceu que isto acontecesse nas vossas vidas... Só posso dizer que a vida dá trinta mil voltas todos o dias e o que se assemelha a ficção um dia acaba por acontecer mesmo. E o que parecia um sonho, uma cena "à filme", passa a ser um argumento realizado por profissionais ousados que percebem do assunto. Ou que, pelo menos, não têm medo que o seu filme (ou que uma das cenas do seu filme) seja de lágrima fácil e acabe com um "desaparece-me a frente! Não te quero voltar a ver...".
terça-feira, agosto 8
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1 comentário:
Como eu gostaria que a minha porta se abrisse agora e alguém entrasse com vontade de reatar o que já acabou e com vontade de mudar a minha vida...
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