terça-feira, abril 11
Que bom ser vítima!
"Bem! Nem sabes o que me aconteceu ontem!"; "Coitado/a de ti!"; "Achas normal que ele/a me tenha feito isto?". Muitas destas expressões são-nos familiares e características de quem prefere viver a vida como o "coitadinho" em vez de encará-la de frente e assumir a sua parte de responsabilidades. Porém, o mais curioso de constatar é que as pessoas até gostam de "coitadinhos". De sê-lo e de protegê-los. É uma forma de se sentirem úteis e, noutra perspectiva, acarinhadas e mimadas. Para quem já foi vítima e agora está farto, ver esta postura no dia-a-dia causa náuseas. Tantos coitadinhos, tanta gente a queixar-se da vida de barriga cheia. Tudo porque culpar o outro ou o que está fora é bem mais confortável do que ter a coragem de olhar bem fundo e perceber que se é frágil, que também se erra e que se tem todo o direito disso. Confesso que na minha fase de "coitadinha" quis testar o quanto podia ser importante para os outros. O quanto eles sentiam a minha falta e me davam valor. Hoje verifico que quanto menos se é vítima, menos apoio e admiração se tem por parte dos outros. Mesmo assim, quando dou comigo a vitimizar-me, puxo-me as orelhas e digo-me: "menina, é altura de seres crescida. Assume quem és e o que fazes na vida". Quem nunca foi vítima que atire a primeira pedra. Quem continua a fazer disso modo de vida, perca o medo e ganhe coragem.
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