segunda-feira, setembro 11

Realidade e ilusão

A realidade e a ilusão andam de mãos dadas, acompanhadas das expectativas que se têm em relação às pessoas e aos acontecimentos da nossa vida. Como já aqui referi um dia, "não há memória de que alguém se tenha desiludido sem que se tivesse iludido primeiro". Muitas vezes achamos que já estamos preparados para ter uma determinada experiência e, na realidade, estamos iludidos. Ou porque queríamos muito que ela funcionasse e que a nossa vida mudasse rapidamente, ou porque projectamos nos outros e na vida os nossos desejos mais profundos que ainda precisam de tempo para germinarem.

Comigo acontece-me variadas vezes. A mentira, a desonestidade e o magoar o outro gratuitamente não fazem parte do meu léxico. Como tal, é natural que projecte nos outros a ausência destas características. Para mim, as pessoas têm a obrigação de serem honestas, verdadeiras e respeitadoras do outro mas, acima de tudo, de si próprias. Porém, o que se verifica é que é preferível o refúgio na cobardia e na mentira, que é manifestamente mais fácil do que atitudes que nos exponham e que nos possam tornar frágeis.

Nos últimos dias tenho verificado que, de facto, há características que existem em mim e das quais me orgulho, mesmo que não seja correspondida nessa honestidade e nessa clareza que me parecem ser as reais bitolas da existência humana. Isto para dizer que cada um de nós se pode ir apercebendo do que tem dentro e do que desenvolveu com o tempo, mas normalmente precisa de experiências e de vivências que o demonstrem. Verifiquei, também, que a força interior é de um poder impressionante e que a vida nos repõe toda a serenidade e toda a paz de espírito quando nos harmonizamos com quem somos e quando temos atitudes limpas, honestas e de carácter. As ilusões podem transformar-se em desilusões, mas à tona vem a manifestação da realidade que somos e que, por vezes, esquecemos.

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