quinta-feira, setembro 28

Desaparecer sem deixar rasto

Confesso que nestes últimos dias tenho pensado seriamente em acabar com este espaço que, ainda há pouco tempo, considerei ser uma espécie de “depósito” de ideias, opiniões que não valem além disso mesmo, emoções, pensamentos profundos ou de trazer por casa (depende da forma como levamos a vida e, em determinados dias, olhamos para ela), etc, etc, etc.

Quem sabe um destes dias acordo e concluo que não me apetece mais continuar com isto. Ou crio um novo em completo anonimato, para ser descoberto por quem lhe apetecer apanhar uma seca ou sossegar porque fez um processo de identificação e não se sente tão sozinho (o efeito nunca se sabe, pode ser variado e, sinceramente, não é importante para mim). Um blogue é isso mesmo... Uma pequena divisão da nossa casa interior que se abre a estranhos e que os deixa opinarem e serem quem são, como qualquer anfitrião faz de boa vontade aos seus visitantes. Mas aqui está a perversidade desta abertura. É que uma qualquer filosofia que nos passou pela cabeça e que resolvemos pôr preto no branco na nossa “divisão” passa de imediato, para quem lê, a um estado de espírito ou de vida do seu autor. Eu, que me movo no mundo da escrita - e que conheço os seus diversos registos e motivações -, posso assegurar que não é assim tão linear. E depois lá estamos nós, autores, a sentir necessidade de nos justificarmos. “Não, não! Estou óptima/o, não aconteceu nada”. “Não, claro que não era sobre ti! Mas, de facto, o que aconteceu levou-me a reiterar o que já sabia/sentia/pensava e apeteceu-me escrever sobre isso”.

Na lógica de pequena divisão interior que se abre ao exterior (porque a casa é muito, muito grande e nunca se mostra toda), o blogue é uma forma de acolhimento, refúgio, maneira de espairecer como, mal comparado, se fumasse um cigarro, desse uma queca ou lesse um livro (OK! Corro o risco da comparação da “queca” provocar reacções, mas assumo as consequências...). A ideia é que se trata de um escape como outro qualquer e aqui não importa o que dá ou deixa de dar mais prazer. Porque uma MÁ queca não é sequer comparável ao prazer que dá escrever (para quem tem paixão pela escrita).

Bem, ainda não é hoje que vou desaparecer sem deixar rasto. Mais uma vez, uma situação levou a que me apetecesse escrever algo... a que me dedicarei a seguir...

3 comentários:

Little Arsonist disse...

Pois eu acho que deves continuar.

Beijos

Anónimo disse...

Cara Black Panther,

já debatemos ao de leve este assunto e vai tudo dar ao mesmo, ao "julgamento" a que queremos ser sujeitos. Julgados somos sempre, é inevitável, resta dar crédito ou não a esse julgamento e isso parte de dentro de nós... escrever num blogue dá-nos uma certa sensação de liberdade, 'escrevo o que quero e lê quem quer!', mas é verdade que afectamos e nos deixamos afectar por comentários que as pessoas possam deixar, mas há-que passar por cima disso, caso contrário nunca seremos livres!...

Por isso te digo, olha, faz o que te der na real gana! Aqui, ou em parte incógnita, o que é preciso é libertar-nos! :)

Beijos!

Anónimo disse...

Olá.Vim aqui por acaso, pk procurava um artigo e encontrei este site com o seu blog.
Adorei ler.Eu sei que por vezes nos perguntámos o pk de escrevermos nossos desafabos aqui. Todos nós procuramos encontrar algumas respostas e até alguma felicidade para as nossas vidas.Sentimo-nos mais aliviados, mais livres, mais capazes de ver a vida de outra forma...mais tranquila, quiçá?
Acho que não deve deixar de escrever. Continue. Por vezes serve de exemplo para quem anda à deriva.
Parabéns. Gostei mesmo.
Abraço