quarta-feira, setembro 20

A Vida não é um Campo de Batalha

Hora da Coca-Cola light. Nada de gajos bons em andaimes do lado de fora do prédio. Muita confusão cá dentro e uma pilha de mails para dar vazão. Já lá vou. Agora preciso de respirar fundo e colocar a mente, 5 minutos, numa filosofia qualquer que não meta encenadores, actores, histórias de amar ou morrer...

Mas esta história, real, não é por si só mais bonita ou pacificadora. Quer dizer, por um lado. Que não estamos no Iraque ou em cenário de guerra já tínhamos percebido, apesar de muitas vezes dizermos que a nossa vida é um conflito pegado. A minha não é. A minha é um palco giro cheio de personagens que entram e saem (conforme cumprem a sua função) e que protagonizam histórias de diversos géneros. Há drama, sofrimento, angústia, mas também há comédia, alegria, amor e muita, muita energia. Não faço ideia qual a duração desta peça (ou deste ciclo de peças que se sucedem e, muitas vezes, sobrepõem). Só sei que o estímulo está na forma como vemos a peça evoluir e adquirir a estrutura que tanto desejámos que conseguisse ter. Uma afinação aqui, outra ali. Uma aprendizagem, um engano (que é normal mesmo num grande actor) e umas palmas no final.

Esta semana ouvi uma que não podia ser mais acertada: "a vida não é um campo de batalha". Isto não foi dito assim, mas também não interessam os pormenores. Interessa só retirar a lição de que, por vezes, lutamos sem razão como um louco D. Quixote contra uma data de moinhos que não nos vão fazer mal. Além de que um guerreiro medroso tem dois inimigos contra os quais lutar: o adversário e o seu próprio medo. Qual será o desfecho? Certamente a derrota porque parte para a guerra com a insegurança e a incerteza. No meio disto tudo, o mais pacificador é tentar interiorizar que nada pode estar contra nós porque não é isso que queremos na nossa vida, nem damos espaço para que isso aconteça. Além do mais, esta consciência - ainda que possa ser ligeiramente ilusória - dá-nos força para ir além do medo e para ter a certeza de que, caso aconteça uma "desgraça", temos connosco as armas e as ferramentas para sairmos dessa.

E pronto... Vou voltar à pilha de mails que me aguardam ansiosos até hora indefinida. Com duas certezas de momento: "a vida não é um campo de batalha" e "nada mais existe do que o presente" (e este, para mim, é laboralmente penoso...).

PS - Eu disse que ia fugir aos actores e encenadores, mas acabei por servir-me deles. Acho mesmo que é um sinal: "oh, miúda! Estamos aqui à espera que nos pegues e escrevas sobre nós! Deixa-te lá de filosofias :)".

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