Muito se tem escrito e dito sobre o amor. Muitas imagens e padrões de comportamento se têm incutido nas pessoas como sendo "a fórmula certa". Um destes dias vinha eu no carro a ouvir música e num daqueles momentos de parar para pensar que a RFM tem, eis que o tema do pensamento era o amor. Citando um filósofo e a sua definição deste sentimento, aquela voz pausada disse que, ao contrário do que vemos nos filmes e nas revistas do coração, o amor não é sempre lindo nem tem apenas momentos felizes. O amor, dizia ele, é um caminho que se vai percorrendo aprendendo a compreender o outro, a ceder, a adaptar-se, a criar concórdia.
Se bem que a um nível ideal o Amor seja liberdade, confiança, serenidade, paz de espírito, altruísmo puro, dedicação, amizade, etc, etc, etc... a um nível prático o amor talvez seja uma permanente adaptação aos momentos da vida e ao que ela nos chama a viver. Parece mesmo que falar de amor está na moda. Também há poucos dias, uma revista feminina reflectia sobre as razões pelas quais umas relações resultam e outras não. E, ao que parece, as que duram mais são aquelas em que há uma forte comunicação e um entendimento mútuo. Se alguém me diz que o que eu digo ou faço o magoa, se eu o amo será normal que tente alterar esse comportamento para que o consiga fazer feliz.
Dizia Leibniz que "Amar é regozijar-se com a felicidade de outrem". Para isso é preciso que estejamos atentos ao que o outro precisa para ser feliz, que consigamos ter um nível de comunicação elevado para ser possível chegar ao outro e, já agora, que estejamos disponíveis para fazer as devidas alterações e adaptações que tornem possível tudo o que anteriormente foi dito.
O que realmente me lixa e desgosta nesta treta toda do amor, é que nem sempre ambos estão dispostos a fazer cedências. Há sempre alguém que acha que merece ser mais compreendido do que outro, mais aceite tal e qual como é. Assim sendo, o que faz o outro (o que está disposto ao consenso e à adaptação)? Anula-se? Depende. Há casos em que sim. No meu caso concreto, desisto. Quando se percebe que, por muito que se diga que nos estão a magoar com certas atitudes, as pessoas não fazem esforços de mudança, é porque estão auto-centradas e não vêem nada para além do seu egoísmo. Ou seja, não estão dispostas a regozijar-se com a felicidade do outro porque nem sequer fazem o que seria suposto para que ele se sinta feliz. E às vezes nem é preciso muito... Tudo o que é morno acaba, mais tarde ou mais cedo, por dar de si, por ficar frio. A menos que seja de imediato posto ao lume. Mas nunca em banho-maria! Odeio banhos-maria. Acho triste da parte de quem o aceita e muito pouco revelador de carácter da parte de quem o faz. E não é que olho em volta e grande parte do que vejo é lume brando?! O que aconteceu a estas chamas que nem se conseguem mudar para lume alto? Seja qual for a resposta, um livro muito engraçado chamado "A Lenda de Despereaux" refere, a páginas tantas, que "um destino interessante aguarda quase todos, ratos ou homens, que não se conformem". Eu sou uma inconformada e abro mão de tudo (ou todos) os que não me fazem feliz. Será mesmo que, o que me espera, é um destino interessante?! Pois... talvez mais tarde (um dia, lá à frente) vos venha aqui falar disso. Por enquanto, vou continuar a não me conformar com o que me faz ficar "morna".
terça-feira, setembro 5
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário