Nunca é em demasia falar desta nova "espécie" de mulheres que tanto os homens temem e contra quem, muitas vezes, tentam fincar pé e fazerem-se de palermas. A palermice tem limites. Como todos devem calcular, ser mulher não é fácil. Já não o é pelas características que definem o sexo feminino e torna-se mais complicado ainda porque o sexo masculino existe.
"Ó Boa!", "Coisinha fofa!", "Comia-te toda" - e outras expressões mais rasteirinhas que todos bem conhecem e que não vale a pena dissecar aqui - são "elogios" (sim, os palermas devem achar que nos estão a fazer bem ao ego) que ouvimos diariamente e que já causam náuseas. Gostava mesmo que esses totós imaginassem que, no lugar deles, estão outros homens e no lugar da "vítima" estão as mulheres deles. AH! A coisa muda ou não muda de figura? E isto faz-me saltar logo para outro tema de que as mulheres do século XXI são vítimas: o julgamento por parte dos homens. Sim, porque a emancipação sexual das mulheres veio colar-lhes na testa o rótulo de "putas" se a sua experiência sexual se for alargando. Tiveste mais do que um homem? (parece-me que actualmente, a partir dos vinte e tal, ninguém está à espera de ser o primeiro a menos que se plante à porta de uma escola...) Se o número de parceiros sexuais for aumentando, desce a credibilidade dessa mulher na lista de ética de um homem. De um mesmo homem - hiper ético e moralista, note-se - que "comeu" umas 50, mas que para ele quer uma mulher "séria" (vá-se lá a saber o que isto é!).
Ora meus amigos, isto já me começa a chatear. Hoje, em conversa, percebi que há muitas mulheres a queixarem-se desta manifesta incongruência dos homens e há muitos homens a terem ataques de histerismo porque não foram os primeiros. Deixem-me tentar explicar-vos uma coisa: a vida das pessoas não é linear e bonita como num conto de fadas. Há histórias complicadas, vidas de merda, cuja aprendizagem passa por aquilo que muitas pessoas desejariam não ter... mas não conseguem evitar. Lembro-me da história de uma prostituta que foi tirada das ruas por um cliente que por ela se apaixonou. E isto, sim, eu acho um acto de verdadeiro carácter. Esta mulher nunca se livrará do passado, mas também não merece ser crucificada por uma vida que viveu e que, se calhar, teria evitado se as circunstâncias da altura fossem outras.
A treta toda é que esta sociedade é machista. Mas os homens são fracos e inseguros e precisam das mulheres, entre outras coisas, para se auto-afirmarem. O que, para eles, descamba rapidamente em "põe a patinha em cima". Admiram a coragem e a independência de algumas mulheres (em muitos casos é tudo o que gostariam de ser, mas não conseguem), mas fogem delas a sete pés. É natural rejeitarmos tudo o que nos mete medo. O que deixou de ser natural, mesmo que a sociedade seja machista, é discriminar mulheres pelo número de parceiros sexuais que tiveram. Aquela treta de "esta é para brincar, a outra é para casar" era ouvida no tempo do meu avozinho (que Deus o tenha, coitado) e deixou de fazer sentido. Porque, em primeiro lugar, não se brinca com as pessoas; em segundo lugar, há qualidades muito mais importantes para fazerem de alguém uma pessoa valiosa do que o número de parceiros que teve.
Sinceramente, acho que esta distinção entre homens e mulheres eu nunca vou entender. Se ele teve várias é um garanhão; se ela teve uns quantos é uma "mulher fácil". Também a nós nos pode fazer confusão que o nosso companheiro tenha andado a saltar de cama em cama, sem qualquer tipo de critério. Porém, não é por isso que deixamos de perceber que foi a história dele e que o que importa é que, agora, sejamos as únicas com quem ele se deita. Não seria mais fácil e mais bonito da parte dos homens fazerem também esta avaliação?! Uma coisa é comer um gajo diariamente a cada refeição (e mesmo assim não há desculpa!). Outra, completamente diferente, é ter vivido ao longo dos anos uma vida que implica experiências, sofrimentos, aprendizagens e,por vezes, alguns desencontros... Além de que esses homens serão pais um dia - quem sabe de meninas - e podem sofrer na pele aquilo que fizeram outras passar. Se bem que também me parece que a culpa destes homens serem assim é das suas mãezinhas. O que levará a que as "mulheres do século XXI" se apliquem na educação dos seus meninos...
terça-feira, setembro 12
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4 comentários:
clap!clap!clap!
É bom ouvir alguém chamar as coisas pelos nomes!
Senhora na sociedade e Puta na cama...Gostava de encontrar uma assim...hehehehe...mas o problema é que as mulheres acabam por achar que os homens são todos iguais e depois auto inibem-se até na porcaria da emancipação...
Isto leva-me a questionar o que é uma "Puta na Cama". Uma mulher-objecto? (tendo em conta que é essa a relação cliente/prostituta) Acima de tudo, na minha óptica, a emancipação prende-se com valores e questões diárias de vivências que estamos ou não dispostas a aceitar. Não tem a ver com o facto de permitir que sexualmente algo aconteça ou deixe de acontecer (isto porque, em relação, parece-me que o ideal é haver nivelamento e nunca a ideia de "mercadoria" ou "objecto"). É como se os homens ocupassem o lugar principal e uma mulher tivesse de satisfazê-los como eles acham que é o ideal. E o oposto? A realidade é que a falta de qualidade masculina abunda, muito por culpa do pensamento machista do "eu estou bem, ela é que tem de se esforçar e provar que é boa". Ufa! Isto dava pano para mangas... :)
o que se constata é que os homens arrogantes e machistas são os que têm mais mulheres - a culpa não é de uma sociedade machista, mas das mulheres que continuam a procurar num homem aquilo que as suas avós queriam - alguém que as trate como uma recompensa, lhe dê protecção e que seja o homem entre os homens.
O maior entrave à igualdade entre homens e mulheres prende-se com a necessidade de apontar as culpas a alguém: neste caso, os homens.
Mulheres, sejam mais independentes, ganhem mais dinheiro, tenham mais cargos executivos e patronais - mas por favor, não tentem ser homens!
(lol. só agora é que vi a data do post...)
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