segunda-feira, outubro 16

Levem lá a bicicleta...

Há pessoas que querem ter razão à força, mesmo quando não têm e estão a perturbar os outros. Detesto ter de dizer isto porque parece pretensioso, mas tenho verificado (obrigada, em parte, pelo meu trabalho) que muitas pessoas que vivem mais afastadas de Lisboa têm algum preconceito e complexo em relação aos lisboetas e a quem trabalha na Capital.

Cada vez que se telefona para um sítio numa destas localidades (normalmente entidades públicas), há uma necessidade imensa de tratar tudo e todos por Dr. (uma coisa que me tira do sério porque o que eu preciso é de ajuda e de informações e não de saber o título das pessoas). Depois, há uma total atrapalhação em relação ao que é pedido. Ninguém sabe de nada e ninguém se responsabiliza por dizer o que quer que seja. Resultado: quando agora me vêm dizer que os media não divulgam... vão-se lixar. Os media podem não divulgar muitos eventos fora das grandes cidades porque a informação NÃO PASSA. Quem é pago para isso não faz um bom trabalho, mesmo que a boa vontade dos media seja muita.

Isso hoje aconteceu-me. Os telefonemas passam de secção em secção, sempre com vozes trémulas a atabalhoadas a dizerem “não sei nada disso”. Até que há sempre alguém que pensa que sabe tudo e, julgando-se dono da razão e da moral, não olha para o umbigo e aponta o dedo ao alvo mais fácil: “você se calhar não fez a pergunta certa”, “você, se calhar, não ligou para o sítio certo”, etc, etc. Além de, das 12h às 16h não se conseguir encontrar ninguém que fale porque ou acabou de ir almoçar ou ainda não voltou do almoço.

E pronto. Quem vive oprimido e com o complexo de inferioridade, depressa coloca as divisas e sobe ao pedestal. Para dar lições de boa educação, para verbalizar o que os colegas não querem ouvir (e vai ter de ser o jornalista) e para ter razão. Curiosamente isto deixou de me irritar. Uma resposta à altura, umas técnicas de argumentação para fazer a senhora descer do pedestal (porque quanto maior a subida, maior pode ser também a queda) e um pensamento que fica mal acaba o telefonema. Realmente, as pessoas têm uma necessidade imensa de ter razão. Como odeio conflitos e não estou para me chatear... levem lá a bicicleta, se isso vos fizer felizes. Mas será que vos faz melhores pessoas a cada dia que passa?!!!

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