São várias as técnicas de manipulação – mais ou menos subtis – que podem ser utilizadas em diversos cenários e com diferentes objectivos. Muitas delas aprendem-se nos cursos de gestão de recursos humanos (sim, é verdade) que se oferecem nas empresas; outras adquirem-se, pelas mentes mais deformadas, ao longo de uma existência em que manipular e controlar o outro é a única forma aceitável de viver e de vencer na vida. Diria eu que é a lei do mais fraco porque os fortes chegam lá pelo seu poder e carisma naturais.
Deitar abaixo para, logo de seguida, sair em defesa do agredido, é uma das técnicas mais comuns e que, realmente, funciona com os mais desprevenidos. Funciona por desgaste de quem vive neste jogo do pega-monstro. Quem é atirado à parede para ser protegido e acarinhado quase de seguida, cai na teia da inconstância que gera baralhação, sentimento de culpa e de não se saber quem se é. Ora por que será que as vítimas de violência doméstica são pessoas sem auto-estima? Porque essa é a primeira função do manipulador: tirar à pessoa a certeza de quem ela é e fazê-la crer que é “nada” para depois se aproximar e valorizar. Pensem lá comigo: quem acha que é “nada” e tem alguém ao lado que a valoriza e acarinha, vai acabar por querer depender desse conforto e desse feedback exterior (logo, depender dessa pessoa). E já está feita a rede da qual é muito difícil sair, senão quase impossível, pois não faltará a hora em que o manipulador tentará derrubar de novo a vítima sempre que ela se tentar levantar.
Outra das técnicas de manipulação evidentes – que muita gente devia ter vergonha na cara de utilizar porque está gasta de tanto uso – é a tentativa desmesurada de protecção: o doce e romântico paternalismo. Não há pachorra para tanta palmadinha nas costas, para tanto elogio e para tanto dizer que “sim” a tudo. Quem diz que “sim” a tudo não está a ser sincero, sobretudo consigo. Porque as pessoas não são iguais, pensam diferente e têm motivações diferentes, logo, é impossível estarem sempre de acordo.
Entre estes extremos dos “lobos” com pele de cordeiro e dos paizinhos que estão é carentes e a precisar de protecção, há uma panóplia de manipulações que se vão fazendo no dia-a-dia e ao longo da vida. E enquanto vamos satisfazendo egos e alimentado o “Eu” com ilusões de poder que não passam disso mesmo, vamos magoando pessoas que a única culpa que têm no processo é a de acreditarem no amor, nos valores e na honestidade das pessoas. Solidarizo-me com todos os que, neste momento, se sentem “nada” porque alguém lhes fez crer isso (mesmo que para mim, felizmente, isto não seja válido, consigo perceber a gravidade da situação). Acredito, porém, que é possível reverter todo o processo com muita força de vontade e com um “não” redondo sempre que uma destas situações se atravessa no caminho. A auto-estima não reside, na minha óptica, em jogar vólei com o ego, mas em saber, a cada momento, o que é o mais correcto para nós e o que nos faz mais felizes. Tudo o que está abaixo ou fora disso, é mesmo para ficar assim: longe e do lado de fora.
terça-feira, outubro 31
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